quarta-feira, 11 de julho de 2012

Pergunte de novo...

Uma ótima tarde a todos!

Amanhã completaremos um mês de namoro!
Ainda acho engraçado pensar que estamos começando a namorar!

Acho que a comemoração do aniversário de namoro é uma ótima oportunidade para eu contar como foi feito o "pedido".

O terapeuta deu um belo puxão de orelhas no meu bem no dia da visita que antecedeu ao dia dos namorados, pois ele queria me dar flores e bombons. Perguntou-lhe o que ele estava pensando da vida. Que ele deveria se conscientizar de que estávamos terminados e assumir o que fez. Que enquanto ele não colocasse suas misérias para fora nas reuniões em grupo ele estaria agindo como se "jogasse a poeira para debaixo do tapete".
Explicou-lhe que ele teria que recomeçar a vida partindo do início, em todos os setores. Que antes de me dar flores, ele tinha a obrigação de me perguntar se eu queria namorar com ele. E, se eu aceitasse, aí sim, ele poderia me presentear com qualquer coisa.

...

Eram por volta de 14h quando cheguei à clínica.
Seria uma terça-feira qualquer, se não fosse dia 12 de Junho.
Dia dos namorados!
Nos abraçamos e seguimos para uma praia pequenininha, à direita de Setiba. Apenas um cantinho de areia cercado de pedras.

O dia estava lindo. Ensolarado, mas não fazia calor, ao contrário, havia um vento bem fresquinho que tornava a tarde bem agradável.
Um turbilhão de sentimentos estavam tomando conta de mim. Eu estava pensando nessa tarde 24 horas por dia, desde o momento em que o terapeuta disse a ele que isso teria que acontecer.
Caminhamos de mãos dadas, descalços pela areia molhada, dedos entrelaçados.
Paramos um de frente para o outro, bem próximos, quase abraçados. Ele me segurava firme.
Só nós dois, o mar azul e o vento fresco.

Ele me olhou nos olhos e alisando meus ombros falou de tudo que passamos nesse último ano juntos, de toda a minha dor, de sua doença, que nunca mais quer me fazer sofrer como estava fazendo. E que quer ser  feliz ao meu lado, que quer simplicidade.
Falou com grande pesar sobre o colega da clínica que havia recaído no fim de semana anterior, que estava muito triste com isso, e que o rapaz estava sofrendo bastante. Disse-me que eu tinha todos os motivos do mundo para não acreditar e nem confiar nele, mas que pelo menos eu tentasse.

"Eu não tenho mais tempo para recaídas, isso não pode mais acontecer comigo. Já chega, eu estou muito cansado, minha lua de mel acabou. Se eu usar mais uma vez, eu não tenho mais saída além da cadeia ou da morte... Por favor, tenta confiar em mim... Eu quero ser feliz, eu mereço ser feliz, você merece ser feliz."

E então, retirando meu cabelo do rosto, ele fez a pergunta:

"Você aceita voltar a namorar comigo?"

Um nó formou-se em minha garganta e foi impossível conter as lágrimas. Eu não conseguia responder nada, absolutamente nada. Eu estava com medo. As palavras sumiram. Eu havia ensaiado mil coisas para dizer. Ainda não sabia se aceitaria ou não, e por via das dúvidas ensaiei dois discursos: um para aceitar e outro para negar!
Mas eu não consegui!

Naquele instante eu descobri que eu queria aceitar, mas estava dominada por um sentimento de pânico. Pânico de reviver aquele martírio. Eu não tenho mais estrutura para aguentar. As lembranças daquele dia me vieram a cabeça, e foi horrível. Mas ao mesmo tempo, foi naquele instante que eu tive a certeza de que ele realmente estava se tratando de verdade, estava buscando aprender a lidar com sua doença e que as palavras dele vinham do coração.

E ele, nervoso, me abraçou e falou:
"Não precisa responder agora se você não estiver pronta. Eu espero o tempo que precisar."

E eu o abracei forte, sentindo dentro de mim uma mistura de rendição e esperança.
Mas permaneci sem palavras... Soltei apenas uma frase rouca:
"Pensei em milhares de coisas para te dizer agora, mas eu não consigo falar nada."

Voltamos a caminhar.
Seguimos em direção as pedras, de mão dadas e paramos para olhar o mar, que estava incrivelmente lindo. 
Relembramos de quando nos conhecemos, de como a vida girou para chegarmos até ali.
Falamos de muitas coisas.

Nesse momento eu já estava mais calma. Então olhei nos olhos dele e disse:
"Pergunte outra vez..."

"Você aceita namorar comigo? Você quer começar hoje a nossa história? Construir nossa vida em terreno firme?"

"Sim, eu aceito!"

Ele falou de planos para nossa vida juntos, de nossa casa, de passarmos a vida um ao lado do outro.
"Hoje é o primeiro dia do resto de nossas vidas."

Foi lindo e mágico!
Esse foi o primeiro dia dos namorados da minha vida. Não coincidia de eu estar namorando nessa data, ou quando estava, era em fase ruim do namoro. Isso sempre me causou certa frustração.
Demorou, mas valeu muito a pena!
É nessas horas que mais tenho a certeza do quanto Deus faz tudo acontecer exatamente na hora certa.



Vinícius de Moraes conseguiu traduzir em uma linda canção as palavras ditas por meu amor quando ele fez o pedido:

"...
Se você quer ser minha namorada
Ai que linda namorada
Você poderia ser
Se quiser ser somente minha
Exatamente essa coisinha
Essa coisa toda minha
Que ninguém mais pode ser
Você tem que me fazer
Um juramento
De só ter um pensamento
Ser só minha até morrer
E também de não perder esse jeitinho
De falar devagarinho
Essas histórias de você
E de repente me fazer muito carinho
E chorar bem de mansinho
Sem ninguém saber porque
E se mais do que minha namorada
Você quer ser minha amada
Minha amada, mas amada pra valer
Aquela amada pelo amor predestinada
Sem a qual a vida é nada
Sem a qual se quer morrer
Você tem que vir comigo
Em meu caminho
E talvez o meu caminho
Seja triste pra você
Os seus olhos tem que ser só dos meus olhos
E os seus braços o meu ninho
No silêncio de depois
E você tem de ser a estrela derradeira
Minha amiga e companheira
No infinito de nós dois"

Parte da música "Minha Namorada" de Vinícius de Moraes

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