segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Recaída!


Boa tarde e boa semana a todos!

Meus últimos dias não foram muito bons, pois recebi uma visitinha da minha enxaqueca, que veio com força total, mas já estou melhor. Graças a Deus. Essas crises me acompanham desde os 10 anos de idade, mas eu, em minha teimosia, às vezes deixo de fazer o que eu deveria fazer quando aparecem os primeiros sintomas, e quando vejo já estou derrubada no quarto escuro. Enfim...

Hoje eu quero falar um pouco de escolhas, e indiretamente, falar sobre a minha concepção de livre arbítrio.

A vida é feita de escolhas mesmo. E a responsabilidade por colher os frutos daquilo que se plantou é inerente de cada sujeito. Quando amamos muito uma pessoa, nos damos o direito de opinar sobre a vida dela, de expor nossa opinião sobre aquilo que julgamos certo ou errado, essas coisas. Mas isso não quer dizer que temos o direito de escolher por ela. Situação essa que é comum aos codependentes.

É importante também entender que as minhas escolhas devem ter um único objetivo: A MINHA SATISFAÇÃO PESSOAL!

Até pouco tempo atrás eu fazia minhas escolhas pensando em agradar ao outro, e quando algo dava errado eu me frustrava e responsabilizava esse outro por minha infelicidade. Eu cresci colocando minhas alegrias nas mãos de todo mundo, menos nas minhas. Hoje penso em agradar a mim mesma, o que me levou a um amadurecimento gigantesco.  Assim foi quando decidi reatar com meu amor.
Minha mãe, em sua enorme sabedoria, não aprovava nossa relação, o que seria esperado de qualquer mãe que viu sua filha sofrer com um usuário de drogas na ativa, mas ela sempre respeitou minha decisão. Cheguei a pensar em como seria ter que fazer algo contra a vontade de minha mãe, mas fiz mesmo assim, pois era minha felicidade que estava em jogo. E depois disso Deus providenciou a reconciliação dos dois quando fui internada, e hoje eles são apaixonados um pelo outro.

Muitas vezes as pessoas são julgadas por suas escolhas, mas as mesmas pessoas que julgam não param para olhar se as escolhas que elas próprias fizeram agradaram ao mundo! Só eu posso decidir o que é bom para mim. É claro que essa regra só vale quando estou em condições perfeitas de minhas faculdades mentais.

No que diz respeito ao livre arbítrio, penso que é um direito que Deus nos deu de escolher o caminho que desejamos seguir. Se é o caminho certo ou o errado, não importa. E Deus não vai me impedir de segui-lo, mesmo que eu faça a escolha diferente do que Ele planeja para mim.  Deus não nos impõe nada, Ele apenas nos mostra, cabe a cada um de nós decidir se vamos acatar. A partir do momento em que eu disser: “Pai, diga-me como agir, cuida dos meus caminhos, orienta-me a fazer as escolhas certas”. Aí sim, Deus irá “se meter” na minha vida, mas mesmo assim eu posso não aceitar os direcionamentos Dele.

Um usuário de drogas escolheu entrar nessa vida, e é o único responsável pelas consequências, contudo, não cabe a ele, e nem a Deus, decidir se irá desenvolver a doença da adicção ou não, pois isso é orgânico. Em função disso, quando chega ao grau máximo da doença, o DQ pode perder o seu livre arbítrio.

“O que as pessoas, em sua maioria jovens, buscam e sonham encontrar é totalmente divergente daquilo que realmente encontram. Procuram aventura e liberdade, e acabam presos na mais amarga das prisões.” (Superando o cárcere da emoção – Augusto Cury – pág. 56)

Mas mesmo assim a decisão de parar de usar, assim como a decisão de manter-se limpo e em recuperação, deve ser do indivíduo.

Quando a gente se mete na vida alheia, mesmo que essa vida seja próxima a nossa, erramos tentando acertar. A doença da codependência faz com que mães, esposas, irmãs(os) e demais pessoas próximas ao DQ desejem, a todo custo, decidir por ele sobre sua recuperação. Eu agi assim por um bom tempo, e de nada adiantou, pois ele ainda não havia feito à escolha.

Só por hoje ele está limpo há 334 dias não porque eu, a mãe dele ou qualquer outra pessoa pediu, mas porque ele quer! Ele escolheu, ele desejou.


Ontem pela manhã estivemos na clínica. Meu amado sempre gosta de passar por lá. E fiquei pensando em tantas coisas enquanto eu observava, de longe, meu amor conversando com os companheiros. Pensei em como deve ser difícil, em quantos tormentos a mente deles não deve ter que superar. Em quanto eles desejam ver o outro bem quando estão no mesmo propósito. Pensei também em quanto tenho que agradecer a Deus por ter me dado forças para continuar, pois hoje sou feliz com ele. Pensei no quanto ele ainda tem obstáculos a vencer, em como o tempo passou rápido, em quantas vezes achei que não veria ele bem, em quantas vezes pedi a Deus que o trouxesse vivo para casa, em como é bom vê-lo feliz. E em mais uma infinidade de coisas!

Um amigo querido, que recebeu alta alguns dias depois dele, recaiu no início desse mês e eles conversaram bastante. Desnudaram-se: “Ele me contou sobre o que o levou a isso. Percebeu onde errou. Eu também me abri com ele. Tivemos uma partilha boa, como há muito tempo eu não partilhava. Foi muito bom.”

Graças a Deus assim que percebeu o que havia feito teve coragem suficiente para pedir socorro e voltou para a clínica. Cheguei a conversar um pouquinho com ele também e fiquei muito orgulhosa por ele ter voltado. Dei-lhe um abraço apertado e um beijo!

Um outro amigo, que luta há anos contra o vício em cocaína, também voltou para lá. Arrasado, destruído, humilhado, envergonhado, sem forças. Como é triste ver isso! Ver a dor estampada em sua face, e ao mesmo tempo ver a fraqueza por não conseguir lutar da forma como deve... Mas também fiquei feliz por saber que ele tomou a decisão de voltar, e dessa vez, tomou a decisão sozinho! Mas ele não me deu liberdade de aproximação para dar-lhe um beijo e um abraço e dizer que estou na torcida. 

A escolha de tentar usar “só mais um pouquinho” foi deles, o livre arbítrio foi deles, e as consequências por isso também.
Há uma diferença entre a RECAÍDA e voltar à FASE ATIVA. Por exemplo, meu amor ficou internado numa fazenda em 2011 e teve sua primeira recaída um mês depois que saiu. Em seguida ele teve outras espaçadas por cerca de 30 dias. A partir daí, a frequência foi aumentando, ou seja, já não era mais recaída, e sim a fase ativa de volta.

Quando a recaída acontece, o DQ, ao perceber as consequências do que fez, precisa lutar contra si mesmo para não deixar que essa recaída traga a fase ativa de volta. Penso que seja um momento horrível na vida deles, principalmente depois que conheceram o Programa de NA. Eles olham para si mesmos e percebem que jogaram todo seu tempo limpo pela janela, assim como a confiança nos familiares que estavam novamente conquistando.

“É fundamental não deixar que pensamentos negativos, tais como, ‘Eu não tenho a solução’ ou ‘Voltou tudo de novo’ criem raízes na psique, caso contrário, um sentimento de desânimo paralisará a capacidade de lutar. O grande problema não é a recaída, mas o que se faz com ela.
...
Uma recaída nunca deve ser encarada como a perda de uma guerra. Uma guerra é composta por muitas batalhas. Uma recaída deve ser encarada como a perda de uma das batalhas.” (Superando o cárcere da emoção – Augusto Cury – págs. 44 e 45)


Eu não sei como eu reagiria se meu amor recaísse hoje, e prefiro nem pensar. Na verdade, prefiro nunca descobrir (risos!), mas sei que não estamos imunes a isso. Mas, numa situação dessas, o que mais me preocuparia, é em saber como ELE reagiria se recaísse. Sei que não há nada que eu poderia fazer, somente ELE decidiria se seria uma recaída ou um retorno a fase ativa.
Hoje ele tem plena consciência de onde está errando em sua recuperação, e é livre para escolher o que vai fazer para mudar isso. O livre arbítrio é dele.

Escolhas... Livre arbítrio...

Só por hoje eu escolho fazer o que me deixa feliz. Só por hoje entrego minha vida a Deus e peço a ele que me conduza...
Só por hoje estamos felizes e serenos!
Amém!

2 comentários:

  1. o minina não começa o post com esse titulo não..quase cai pra trás de susto...rs...fico feliz que esteja tudo bem com vcs...tamu junto..bju

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  2. Pow! Realmente, amiga!! A primeira impressão que tive ao ler o Título da postagem me deixou assustado, visse?
    Mas ainda bem que foi só uma explicação sobre tal.
    Outro dia eu também fiz uma postagem "ESTOU RECAÍDO" e a galera logo me ligaram...rsrrsrs Mas eu realmente estava recaído...não na fase do uso de substâncias, mas na fase espiritual da recaída, pois o uso só consuma o fato.
    Quanto ao mais, alegro-me em saber que está tudo bem por ai.
    Abração e bons momentos.
    TAMUJUNTU.

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