segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Minha recuperação...

Oi pessoal...

Tudo na mais perfeita paz por aqui. Bom demais!

Amor meu e eu caminhando juntos pela recuperação, graças a Deus. Ele no NA e eu no Nar-Anon.
Nossa, como agradeço a Deus por ter conhecido esse programa!

Fico triste ao ver algumas companheiras, tanto dos blogs quanto ao meu redor, levando a vida ainda em função da codependência. É muita dor, é muito sofrimento. A gente fica completamente perdida, sem rumo...

E é por isso que hoje gostaria de falar um pouco do MEU processo de recuperação.

Eu e meu adicto nos conhecemos desde 1999 (ou 1998? nem sei mais... preciso refazer as contas...), mas apenas em 2011 passamos a ter uma relação de verdade. Eu sabia que ele usava drogas, mas a doença mesmo ainda era novidade para mim. Enfim, quando resolvemos ficar juntos, ele estava internado, mas ainda não tinha decidido parar de usar. Claro que eu não sabia dessa parte, achava que tudo seria lindo quando ele recebesse alta.

Ele já saiu da Comunidade Terapêutica, em agosto de 2011, com indícios de recaída e 25 dias depois já voltou para a ativa. Lembro-me da primeira recaída. Eu não sabia o que fazer, como agir, o que falar, o que pensar... Fiquei sem norte. Ele ficou quase 24 horas fora de casa. Eu SURTEI! Nunca imaginei que era assim que funcionava.

Era dia de reunião no Amor Exigente e eu só conseguia chorar. Era desesperador para mim. Meu corpo não parava de tremer, minha enxaqueca atacou, meu estômago travou... Lembro-me que eu havia buscado meu carro novo na concessionária, mas eu nem consegui curtir. Dali pra frente foram várias situações nesses moldes.
Aos poucos o desespero foi diminuindo, mas eu ainda achava que podia ajudá-lo, que seria a Madre Teresa na vida dele.

Até que ano passado ele precisou passar por nova internação, mas dessa vez tudo foi diferente, eu já estava mais fortalecida e sabia como funcionava a doença dele. E ele não tinha mais saída a não ser parar de usar.
Quando ele saiu da clínica, em setembro de 2012, veio morar comigo. Inicialmente eu tive muito medo de reviver algumas coisas, apesar de ter certeza de que ele já tinha entendido que não dava mais para "usar só um pouquinho".

Ele ficou bem e logo voltou a trabalhar, foi então que a codependência me consumiu de outras formas. Eu não estava mais frequentando o Amor Exigente pois achava que as reuniões estavam meio sem foco.
Gente, EU SURTEI MAIS AINDA! LOUCURA TOTAL!!!

Eu passei a "cuidar" de tudo na vida dele, como a gente faz com uma criança, sabe?! Eu era capaz de ligar para a pessoa do marmitex, diariamente, para saber o que tinha, depois ligava pra ele para perguntar o que ele queria e, novamente, para a moça do marmitex para fazer o pedido dele!!
(IMPORTANTE: Nunca faça pelo adicto aquilo que ele é capaz de fazer sozinho!)

Ele entrou no ciclo da auto-suficiência e acabou recaindo algumas vezes.

Confesso que sofri muito com as recaídas, mas era diferente da época da ativa. Eu já havia compreendido e assimilado bem que não estava em minhas mãos cuidar da doença dele. Meu sofrimento era mais por ele ter jogado fora o que havia construído até então...

Minha codependência estava direcionada para outro foco: a vida dele, o cuidar dele, nossa relação. A droga não me preocupava mais (e hoje em dia também não me preocupa), eu sabia que ele sofria muito quando recaia, então, em tese, não havia risco de voltar para a ativa.

Passamos meses vivendo um verdadeiro "furacão" dentro de casa, eram brigas e mais brigas, pelos motivos mais fúteis que você puder imaginar. Prato cheio para eu cair na auto-piedade. Eu AINDA estava tentando modificá-lo, só que dessa vez não pela droga, mas por "nossa linda história de amor".

Cheguei e pensar que não conseguiríamos ficar juntos.
Gente... Não tenho como explicar a dor que senti. Foi muito pior do que quando ele estava na ativa, até porque, naquela época nós não morávamos juntos e a casa dela ficava há 50 Km da minha. Eu me afundei demais. E eu pensava:
"Como isso pode estar acontecendo? Passamos por coisas tão piores... E agora que não existe mais o fantasma das drogas vamos jogar tudo pela janela???"

Doeu demais...
Fiquei a um passo de uma depressão. E a auto-piedade me fazia cobrar dele:
"Eu estive com você na fase mais difícil da sua vida e agora que eu é que estou mal você me trata assim???"

....
O sentimento de solidão me corroía...
...

E então eu acordei! Tive meu despertar...
Foi num piscar de olhos, literalmente do dia para a noite...

Eu já conhecia a profundidade e a magia do Programa de Recuperação de NA. Sempre achei muito bonito e via que funcionava, bastava fazer o certo.

E então fui conhecer o NAr-Anon e fiz mais mil coisas ao mesmo tempo que pudessem me levar a um processo de reencontro, reconstrução e renascimento com um único objetivo: sair do ciclo doentio da codependência!

Me agarrei com todas as forças nesses passos e direcionei o foco para mim mesma.
Funcionou!

Hoje sinto que sou outra pessoa!

Mas vamos aos fatos.
Tenho uma instabilidade emocional muito grande, e carrego isso desde a minha infância. Na verdade, penso que isso nasceu à partir da fragilidade no relacionamento que sempre tive com minha irmã mais velha. Eu queria que ela me protegesse e não me sentia protegida. Cresci assim e assim permanecemos até hoje.
Não estou dizendo que a culpa de minha fragilidade além da normal seja dela, não é isso, só acho que o fato de ter me sentido desprotegida quando ainda era uma criança provavelmente me levaram a criar esse monte de conflitos internos.

Sou mais frágil do que eu gostaria e muitas vezes potencializo coisas simples e magoo com facilidade.

Sendo assim, às vezes o sentimento de vazio, de solidão, o medo ainda aparecem para me visitar. E às vezes me deixo levar por eles.

E aí vem a magia dos 12 passos...

Hoje eu estou buscando ferramentas para manter a serenidade, e descobri que se eu me afastar do Programa os sentimentos que me acompanham desde a infância irão trazer de volta os sintomas da codependência. Ou seja, uma coisa está interligada a outra.
Partilhei sobre isso na minha última reunião.

Meus problemas emocionais não nasceram a partir da adicção de  um familiar, pois não tenho casos na família, eles nasceram por outros fatores. A adicção de meu amor foi a gotinha d'água que faltava para a doença se manifestar.

E é isso, gente...
Foi assim que se deu meu processo de recuperação, que é contínuo e que eu não posso descuidar.

Desejo, de coração, que nossas companheiras que ainda estão na fase ativa da codependência também busquem por essa nova forma de viver.

Desejo paz e serenidade...

"Eu seguro a minha mão na sua e uno o meu coração ao seu
Para que juntas possamos fazer aquilo que sozinha eu não consigo"

Beijos no coração!

domingo, 17 de novembro de 2013

Búzios - CBNA

Búzios... A linda e empolgante Búzios...
Para quem não conhece, precisa conhecer...
É um lugar cheio de charmes e encantos. Pessoas lindas circulam de um lado para o outro exalando alegria. Não tem como ficar triste num lugar desses.

Aqui tudo é boêmio, em cada esquina tem um bar, uma loja, ou café charmoso. E tudo fica aberto até tarde da noite.
Tem muitas casas noturnas também, mas certamente não vim aqui para esse programa, rsrsrs.

A Convenção Brasileira de NA (CBNA) está acontecendo num Resort. Um dos mais famosos daqui, o lugar é lindíssimo.
Logo na entrada tem uma capelinha bem acolhedora.
Fiz uma prece!

Essas convenções funcionam da seguinte maneira: ao longo do dia há duas partilhas que eles chamam de "principal", com um tema de grande importância. Essa partilha é longa e é feita por um daqueles caras que são verdadeiros "monstros da recuperação". São partilhas fortes.
E tem também várias salas, na qual cada uma aborda um tema. Um membro convidado a falar e depois os outros opinam.
São momentos maravilhosos, de muito aprendizado e crescimento espiritual.
A noite acontece uma maratona de partilhas.

É até engraçado pensar como um ambiente que só tem gente que levou uma vida no caos pode ser tão saudável!

Coisas do Poder Superior!

Na Convenção Carioca, que fui ano passado, eu participei ativamente de todos os momentos. Foi muito proveitoso. Aprendi bastante sobre como funciona a doença e que sempre serei impotente perante o adicto.
Mas hoje, ao olhar pra trás, ouso a dizer que isso já eram os sintomas da codependência surgindo.

Aqui em Búzios, preferi deixá-lo seguir seu caminho. Não que eu não possa estar ao lado dele, participando também. Sim, eu posso e devo acompanhá-lo se essa for minha verdadeira vontade.

Agora, se minha real intenção for monitorá-lo, o que eu posso fazer de verdade é repetir a mim mesma a oração da serenidade ou correr pra sala de Nar-Anon mais próxima!!!

A codependência ainda está aqui comigo, claro, mas hoje eu tenho algumas armas para lidar com ela.

Por isso preferi passear tranquilamente pelas ruas badaladas de Búzios enquanto meu bem cuidava de si, já que somente ele pode fazer isso.

Estamos em paz, graças a Deus.
Às vezes surgem alguns altos e baixos, mas nada mirabolante, coisas que podem acontecer com qualquer casal, afinal, os homens são de marte e as mulheres são de vênus!

Amanhã estaremos de volta pra casa...
Tenham todos uma abençoada semana.
E que as próximas 24 horas sejam de paz e serenidade.
Beijos...

domingo, 10 de novembro de 2013

Quando olho para trás...

Bom dia, bom domingão a todos...

As coisas por aqui caminham em paz, graças a Deus.
Estou incomodada com o tempo longo entre uma postagem e outra, mas acho que a correria vai começar a diminuir daqui pra frente... Ufa! Estamos finalizando os Seminários Regionais, faltam apenas dois, sendo que eu só participarei de mais um.

Tem sido um trabalho lindo, e é bom viajar pelo meu estado (ES) e conhecer pessoas novas, mas é bem exaustivo. Algumas viagens requerem pernoite, outras são bate e volta.
Começamos com as viagens em agosto, e recentemente eu optei por não comparecer em duas das regionais mais distantes, que eu precisaria dormir lá. Achei que seria melhor assim.

Vamos ao motivo: ele não me pediu, e também não foi por um medo meu dele recair (não quero viver com esse fantasma). Foi uma decisão até difícil para mim. Pensei bem para não permitir que a codependência me traísse e me manipulasse a permanecer com ele para "protegê-lo". E só quando tive certeza de que não era isso que resolvi que só viajaria para pernoitar se fosse fundamental. 
O fato é que sei que ele fica desconfortável, e até inseguro, com minha ausência. Algumas vezes ele já comentou isso. Sua entrega ao processo de recuperação ainda é recente, ou seja, ele ainda se sente vulnerável.
Então eu pensei: bom... se eu tenho a opção de não ir, eu não vou (e fico agarradinha com ele, só namorando, rsrs); mas se eu não tenho essa opção, minha vida não pode parar, eu entrego ao Poder Superior e vou cumprir com minhas obrigações!

Meu amor segue limpo e em recuperação. Nesse momento ele está no grupo.
Está dedicado ao seu cargo de secretário e bem feliz. Tão diferente de tempos atrás, quando ele ia para as reuniões apenas para "cumprir um protocolo". Sua postura era outra naquela época.
Sou muita grata a Deus. As coisas aconteceram mesmo quando tinham que acontecer.

E eu sigo no Nar-Anon. E também muito feliz com o carinho que recebo lá. É como uma nova família.
É interessante como nos sentimos à vontade nesses grupos para falarmos de coisas que jamais teríamos coragem de falar com outras pessoas. Ao mesmo tempo que os membros são estranhos a nós (por não fazerem parte de nosso convívio diário), eles são as pessoas em que mais podemos confiar. Enquanto estamos lá, são mais íntimas que aquelas que convivemos por uma vida inteira. Lá todos compreendem nossa dor e nossas alegrias. Nada que eu disser lá soará como uma aberração! E, certamente receberei o direcionamento certo, melhor do que o que eu receberia do melhor psicólogo do mundo!

Agradeço demais por eu ter conhecido esse programa! (Amém!)

Quando olho para trás, para um passado um pouco distante, quando conheci meu DQ, em 1999, penso em quantas voltas o mundo deu. Eu jamais imaginei que um dia viveria as coisas que vivi com ele. Na verdade eu nem pensava que moraríamos na mesma casa! Eu fui louca por ele desde que o conheci, mas com o passar do tempo, achei que tinha sido apenas "um lance de carnaval".
Eu estava enganada!!!

E quando olho para trás, para um passado um pouco mais próximo, quando nos reencontramos, em 2010 e resolvemos ficar juntos em 2011 (ele estava internado), eu também penso nas voltas que o mundo deu. E que achei que tudo seria lindo dali para frente. Mais uma vez não imaginei que viveria toda aquela dor da fase ativa e que teria forças para lutar e tentar superar todo aquele vendaval.

Quando olho para trás, vejo o quanto amadureci em tão pouco tempo.
Percebo os erros que cometi em sua fase ativa, por desconhecer a doença. Tantas vezes eu menti para "protegê-lo", eu facilitei para que ele permanecesse no vício. Tantas vezes eu fechei os olhos. E depois, quando ele já havia entrando em recuperação, permiti que minha doença aflorasse e assim contribuí para a fase mais crítica de nossa relação. Veja bem, eu não fui culpada, apenas colaborei por não ter me mantido em serenidade.

Graças a Deus não perdi a esperança, mas em muitos momentos achei que não conseguiríamos ficar juntos.

Hoje descobrimos a receita mágica:  A BUSCA DIÁRIA PELA RECUPERAÇÃO E A VIVÊNCIA DO PROGRAMA.

Viver assim nos fez estabelecer o diálogo, a confiança, fortalecer a amizade, o repeito, o carinho. Nos ensinou a sonhar. Estamos muito felizes!

Na semana que vem, no feriado do dia 15 de novembro, estaremos em Búzios, na Convenção Brasileira de NA. Uma ótima oportunidade para aprofundar o programa e ainda fazermos uma deliciosa viagem. Quem tiver a oportunidade de ir, não vai se arrepender, tanto pelo local, quanto pelo evento.
Ano passado estivemos na XIII Convenção Carioca de NA, e foi maravilhoso. Clique aqui e veja os detalhes.

No mais, é isso...
Desejo paz e serenidade à todos... Que a sabedoria permaneça como nossa melhor amiga.

Bom  domingo e boa semana...
Beijos!